terça-feira, 18 de junho de 2013
segunda-feira, 17 de junho de 2013
Os Fuzilamentos do 3 de Maio de 1808 em Madrid
O Século XIX foi marcado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas pela Revolução Industrial e pela Revolução Francesa. A atividade artística tornou-se mais complexa e podem-se identificar neste período movimentos artísticos de diferentes concepções e tendências, como o Romantismo, o Realismo, o Impressionismo e pós-impressionismo. De todos, o Romantismo foi o que se caracterizou como a primeira e mais forte reação ao Neoclassicismo, embora tenha durado apenas 30 anos (1820- 1850).
O artista romântico procurou libertar-se das convenções acadêmicas a favor da livre expressão, da valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da criação artística. A estética romântica é caracterizada por sentimentos como o nacionalismo e a valorização da natureza.
A Pintura Romântica
Negando a estética neoclássica, a pintura romântica aproxima-se das formas barrocas. Pintores românticos como Goya, Delacroix, Turner e Constable, recuperam o dinamismo e o realismo que os neoclássicos haviam negado e introduzem novos elementos como a composição em diagonal, a valorização da cor e o reaparecimento dos contrastes claro-escuro, produzindo efeitos de grande dramatismo. No romantismo destacam-se o trabalho de luz e a individualidade de cada personagem.
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Os Fuzilamentos do 3 de Maio de 1808, na Montanha do Príncipe Pio Francisco Goya, óleo sobre tela, 268 x 347 cm. Museu do Prado, Madrid, Espanha |
Exemplificativa da análise de uma imagem fixa escolhi esta obra que admiro profundamente. Goya é de longe um dos meus pintores preferidos dentro deste estilo e esta tela capta a minha atenção não só pelo seu dramatismo, mas também pelo facto de se tratar de um episódio histórico real, representativo da coragem de um povo que luta pelos seus direitos, pela sua honra, pelos seus semelhantes, pela sua pátria. O contraste de cores, o branco imaculado da camisa da personagem que se destaca, a luz que nela se prende e que nos leva a olhá-la fixamente, absorvendo todo o seu desespero, toda a sua angústia e ao mesmo tempo toda a sua coragem. É uma obra maravilhosa!
A importância da Guerra nas obras de Francisco de Goya é visível neste quadro. O tema desta obra remete-nos para um acontecimento histórico: os fuzilamentos levados a cabo pelo exército francês sobre a população de Madrid que havia pegado em armas para defender a cidade do invasor. Esta obra eterniza esse massacre. A tragédia e o horror da fria execução estão visíveis, sobretudo, na figura do herói anónimo, vestido com uma camisa branca, cujos braços abertos às balas e expressão atestam o heroísmo e o nacionalismo destes quarenta e três patriotas fuzilados às quatro da manhã na montanha do Príncipe Pio. As posições dos soldados e seus fuzis, e a iluminação da obra, orientam a nossa visão para os condenados, atribuindo à obra todo o seu dramatismo.
O relato deste massacre foi descrito por Trucha, um criado de Goya desta forma: No meio de poças de sangue vimos um monte de cadáveres, uns de barriga para baixo, outros de barriga para cima, um todo encolhido beijava a terra, outro com as mãos levantadas para o céu, pedia vingança e misericórdia.
A pincelada solta põe em relevo a rapidez com que terá sido executado pelo artista. O efeito de luz utilizado - efeito claro/escuro, é conseguido pela presença de um único foco de luz, que se concentra na vítima central, de braços abertos, e que se espalha para o chão, onde se encontra um cadáver. Desta forma, o lado das vítimas é iluminado pelas luzes trazidas pelos Hussardos franceses, e do lado destes predomina o escuro, a sombra, também caracterizada pela inexistência de rostos. O artista universaliza o tema da repressão política e consegue-o acentuando o contraste entre o aspeto pessoal dos que vão morrer (rostos visíveis) e o aspeto anónimo dos soldados que matam (rostos ocultos). Goya, como ninguém, simbolizava a eterna revolta popular contra a opressão.
Goya (1746-1828): A Luta Pela Liberdade
Francisco José de Goya trabalhou temas diversos: retratos de personalidades da corte espanhola e de pessoas do povo, os horrores da guerra, a mitologia grega e cenas históricas. Goya soube alterar fundamentalmente o modo de reproduzir o conteúdo histórico, dando-lhe um caráter mais geral, sendo exemplo disso o quadro "Os Fuzilamentos de 3 de Maio".
Referência Bibliográfica:
Fênix – Revista de História e Estudos Culturais
Maio/ Junho/ Julho/ Agosto de 2012 Vol. 9 Ano IX nº 2
ISSN: 1807-6971
Disponível em: www.revistafenix.pro.br
domingo, 16 de junho de 2013
Era uma vez o Homem...
Partilhei convosco este pequeno filme, de uma série que seguia sempre, da qual fiz coleção de cromos e que adorava. Numa altura, não há tantos anos atrás, embora no século passado, em que as "novas tecnologias" eram a rádio, a televisão e o cinema, esta série despertou em mim o meu amor pela História.
Muitas críticas se poderão fazer, se a formos analisar detalhadamente, mas para mim isso era irrelevante. Ela mostrava-me o passado, fazia-me sonhar que pertencia a outras épocas e que vivia mil aventuras. Nela eu era a pastora, a princesa,...
Este amor era partilhado pelo meu saudoso pai, um homem da marinha que adorava contar histórias. Eu sentava-me ao colo dele e pedia-lhe: "Papá conta-me histórias da tua vida." E ele contava. Umas divertidas, outras mais sérias, mas sempre emocionantes. Foi com ele que visitei todos os museus de Lisboa, sendo que o meu preferido era o Museu da Marinha. E eu queria ser homem....não porque não gostasse de ser menina, mas porque naquela altura só os homens iam para a marinha e eu queria viajar e viver aventuras. Ficava imenso tempo na sala do Oriente, onde havia armaduras samurais e olhava para os quadros das guerras navais, tão realistas que quase se podia ouvir o barulho dos canhões, cheirar o fumo e sentir a força das ondas.
Para mim tudo isto é História.
A minha História.
Filmes como ferramenta didática para o ensino da História

A
possibilidade de acesso ao conhecimento histórico através desta linguagem só é
possível devido ao facto de ser professora numa escola profissional equipada
com uma vasta gama de material tecnológico. No entanto, apesar de considerar
esta metodologia de ensino e forma de avaliação alternativa eficazes reconheço
que o planeamento é fundamental para a utilização de um filme em sala de aula.
A escolha do filme tem que seguir um propósito claro e deve ter como base a
análise de um conteúdo ou facto histórico específico. Desta forma, as cenas
visionadas levam à introdução de uma série de questões de aula, onde se
relaciona o tempo, o espaço e a sociedade. Como refere Elias Thomé Saliba
(1997, pp119-120) “(…) o filme é uma construção imaginativa que necessita ser
pensada e trabalhada interminavelmente. A construção da História nos
documentários ou na ficção científica é mais do que uma interpretação da
História, pois o ato de engendrar significados para o presente lança o
realizador (ou os realizadores) da ficção filmítica em possíveis ideologias que
ele não domina em sua totalidade. Portanto, construir a História na narrativa
filmítica pode implicar, inclusive, destruir significados estáveis, desmontar
sentidos estabelecidos, desmistificar ilusões ou mitos já cristalizados. Porque
ressaltar o aspecto de construção subjetiva da História na narrativa filmítica,
significa reconhecer a memória coletiva como terreno comum da ficção e da
historiografia.”
“Estimule
os seus alunos a abrir as janelas da mente, a ter ousadia para pensar,
questionar, debater, romper paradigmas.” Augusto Cury
Referências Bibliográficas:
JUNIOR, R.A. Cinema e
História: elementos para um diálogo. In O olho da história. Bahia, nº10, abril
2008.
SALIBA, E.T. As imagens canônicas e
o Ensino de História. In SCHMIDT, M.A. (org) III ENCONTRO PERSPECTIVAS DO
ENSINO DA HISTÓRIA. UFPR/Aos Quatro Ventos, Curitiba, PR,1999.
A importância do uso da Plataforma Moodle no ensino da História
Os ambientes virtuais de aprendizagem são uma metodologia muito interessante para utilizar na área que leciono. Utilizados como complemento ao ensino presencial, favorecem uma participação mais ativa e autónoma dos alunos durante todo o processo de aprendizagem. A dinamização de um ambiente virtual de aprendizagem, a par de uma intervenção pedagógica, pressupõe um modelo sócio construtivista onde os alunos tem um papel cada vez mais ativo no processo de ensino e aprendizagem.
Sendo
docente numa escola profissional, tenho a grande vantagem de encontrar ao meu
dispor todo o tipo de recursos tecnológicos necessários para a apresentação de
materiais pedagógicos, sob a forma de textos, áudios e vídeos. Neste sentido, uma metodologia de ensino da História, através da
articulação das atividades de sala de aula presencial com as realizadas online
é a que mais se adequa à realidade da minha escola. A utilização da plataforma
moodle é essencial neste processo, através da utilização de textos e vídeos, como material pedagógico comum a
todos os alunos, com o objetivo de os colocar perante um tema-problema, que
pode ser debatido e trabalhado de diferentes maneiras e através de um acompanhamento personalizado dos alunos, ajudando-os
na realização das suas tarefas, tirando dúvidas e alertando para algumas
questões, com o objetivo de incentivar o diálogo e promover uma aprendizagem
sistemática. A sensação de independência que adquirem através da utilização
desta metodologia é, também ela, um incentivo à dinamização do ensino da História da Cultura e das Artes. A
possibilidade de, em qualquer lugar e a qualquer hora poder ler, ouvir ou
visualizar um determinado tema e trabalhá-lo, com a segurança de que qualquer
dúvida poderá ser colocada através de correio eletrónico ou de fóruns criados
para o efeito, faz parte da autonomia no trabalho que deve ser uma constante
numa escola profissional. Os alunos terem acesso a computadores pessoais e à
Internet facilita a utilização deste método de ensino. No entanto, continuo a
considerar de extrema importância o método presencial, assim como José Aberto
Lencastre refere na conclusão do capítulo 1 (p.29) “Conseguir a mistura
adequada entre os meios e a tecnologia que inclua o uso da sala de aula
integrado num programa multimédia bem desenhado é a aproximação com maiores
probabilidades de sucesso.”
A utilização desta metodologia apresenta inúmeras vantagens: permite e incentiva a autonomia dos alunos, a criatividade, a partilha de
ideias, a possibilidade de controlar o tempo de trabalho, o acesso a uma
informação alargada através do recurso à Internet,… no entanto algumas
desvantagens devem ser tidas em conta, como por exemplo uma má organização do
tempo, aliada a uma falta de maturidade e de responsabilidade, falta de
conhecimentos tecnológicos para utilizar convenientemente os meios ao seu
dispor, a falta de formação dos formadores. A falta de maturidade e a má
gestão do tempo são uma realidade que obriga a um acompanhamento constante.
Para este acompanhamento muito contribuem também os workshops que a escola
frequentemente oferece a alunos e docentes, dentro das áreas de multimédia,
áudio e vídeo, além de material adequado a alunos com deficiências visuais,
auditivas, motoras,… através da adaptação de materiais pedagógicos; alguma
realizada pelos próprios alunos nas aulas técnicas de multimédia, áudio e
vídeo, com locução e legendas.
Referência Bibliográfica:
MONTEIRO, A., MOREIRA, J.A., ALMEID, A.C. & LENCASTRE, J.A. (Orgs.) (2012). Capítulo 1 In Blended learning em Contexto Educativo: Perspectivas Teóricas e Práticas de Investigação. Santo Tirso: Defacto Editores.
Referência Bibliográfica:
MONTEIRO, A., MOREIRA, J.A., ALMEID, A.C. & LENCASTRE, J.A. (Orgs.) (2012). Capítulo 1 In Blended learning em Contexto Educativo: Perspectivas Teóricas e Práticas de Investigação. Santo Tirso: Defacto Editores.
sexta-feira, 14 de junho de 2013
O uso das TIC no Processo de Ensino e Aprendizagem no ensino da História.
Como
professora de História da Cultura e das Artes, ao longo do meu percurso profissional deparei,
várias vezes, com barreiras, quase intransponíveis, no que diz respeito às
inovações na metodologia de ensino. Não são poucos aqueles que consideram este
ramo do saber como estanque, não evolutivo e muitas vezes desmotivador.
Considero
que a História é um ramo do saber permeável, adaptável a novas metodologias,
dinâmico, e que muito tem a ganhar com a utilização das Novas Tecnologias de
Informação e Comunicação. No entantoestou ciente que também no Processo de Ensino e Aprendizagem da
História há que haver uma adaptação às novas tecnologias, tentando corresponder
aos novos desafios da escola do século XXI.
Maria
Isabel Candeias e João Álvaro Dias, no texto A nossa sala de aula já é maior
que o planeta Terra!, referem que “Os
desafios da Sociedade da Informação estão profundamente associados a um
crescente recurso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) e em
particular ao uso dos meios informáticos e ao acesso à rede Internet” (2088,
p.142). Desta forma, estando o acesso aos computadores bastante generalizado, a
utilização da Internet torna-se um elemento motivador no processo de
ensino-aprendizagem.
No
entanto, é necessário que as TIC estejam bem integradas no processo de
aprendizagem, para que apoiem e complementem as práticas desenvolvidas nas
aulas. Uma das questões que ainda hoje se levantam é que estas novas
tecnologias, adaptadas ao ensino da História, provocariam a dispersão e a falta
de atenção dos alunos nas aulas, ficando mais interessados na tecnologia em si
que no conteúdo programático da exposição do professor. Também aqui, o
professor deve ser o principal impulsionador da comunicação e, para que ela
ocorra, o seu discurso deverá ser explícito e os alunos estarem dispostos a
captar e interatuar com a mensagem e com os meios humanos e materiais. Para
isso, a metodologia tem que ser adaptada à realidade das Turmas e das Escolas.
Frequentemente nos encontramos perante Turmas pouco motivadas e sem expetativas
futuras. No meu caso, e dado que leciono numa Escola Profissional diretamente
virada para as novas tecnologias, muitas vezes os alunos me questionam acerca
da importância da disciplina de História da Arte. Em áreas do ensino
vocacionadas essencialmente para a prática, como os cursos de Técnico de Design
e Artes Gráficas, Técnico de Áudio e Vídeo ou Técnico de Multimédia é natural
que me seja colocada esta questão. Obviamente que nestes casos é preciso ter um bom relacionamento com os alunos e tentar ir ao encontro das suas necessidades e expetativas.

Como refere Augusto Cury, psiquiatra e educador, “Os bons
professores têm uma boa cultura académica e transmitem com segurança e
eloquência as informações na sala de aula. Os professores fascinantes
ultrapassam essa meta. Eles procuram conhecer o funcionamento da mente dos
alunos para os educar melhor. Para eles, cada aluno não é apenas um número na
sala de aula, mas um ser humano complexo, com necessidades peculiares” (2006,
p.59). É aqui que as TIC, associadas a esta forma de entender a educação, poderão
definitivamente aproximar professor e aluno.

É
indispensável uma escola onde as novas tecnologias façam parte do dia-a-dia de
docentes, alunos e funcionários. Uma escola onde seja incentivada e dada a
possibilidade de uma adaptação do método de ensino às necessidades dos alunos.
Mas também aqui é necessário que os professores vejam nas novas ferramentas
tecnológicas um aliado na dura tarefa de motivar, cativar e despertar para o
caminho do conhecimento. Como refere Elizabete Silva, pedagoga de Artes Plásticas
e Música e pós-graduada em Metodologias do Ensino de História e Geografia, “A
Educação deve proporcionar o acesso ao conhecimento, à produção e à
interpretação das tecnologias. Dessa forma, o professor, que é o facilitador do
aprendizado, o mediador do conhecimento, precisa estar preparado para a
abordagem da informação tecnológica no espaço escolar. O educador da nossa
contemporaneidade é um profissional que depara a cada instante com algo novo,
inusitado, e por isso mesmo precisa estar em constante aperfeiçoamento de suas
práticas pedagógicas, especialmente em relação à utilização das Tic’s”
Referências
Bibliográficas:
CURY,
Augusto, Pais Brilhantes, Professores
Fascinantes, Lisboa, Editora Pergaminho, 2006
FERMEIRO,
Gabriel (2010). O Emprego das TIC no Ensino de História. Disponível em http://macuenjere.blogspot.pt (05:52)
SANTOS
SILVA, Elizabete Rosa (2011). Tecnologias da Informação no Ensino de História e
Geografia. Disponível em http://www.artigonal.com (29/12/2011)
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