" A história é o émulo do tempo, repositório dos factos,
testemunha do passado, exemplo do presente, advertência
do futuro."
Hegel
Quando falamos de história lembramo-nos sempre do que aconteceu em épocas anteriores, ou seja remetemos para um estudo do passado. A partir desse estudo e através da análise de documentos, é possível fazer uma reconstrução de um determinado momento ou época. Desta forma podemos dizer que a história é uma experiência humana, que nos leva a um constante "construir, desconstruir e reconstruir". Por isso a história, ao contrário do que muitos acreditam, não é uma ciência estanque, muito pelo contrário, é uma área de conhecimento que está em permanente construção, desenvolvimento e crescimento.
Estudar história não se resume a decorar datas e nomes, factos e acontecimentos, porque tão importante como saber o que aconteceu é conseguir relacionar os factos e perceber que as transformações de uma sociedade não são naturais ou espontâneas, mas determinadas por uma série de fatores anteriores. Desta forma, a história permite desenvolver e ampliar estudos sobre as problemáticas contemporâneas, situando-as nas suas diversas temporalidades e servindo de reflexão sobre as possibilidades e necessidades de mudança e/ou continuidade.
O tempo é a dimensão da análise da história. O tempo histórico, através do qual se analisam os acontecimentos, não corresponde ao tempo cronológico que vivemos, ou seja, um tempo previamente definido por relógios e calendários. O tempo histórico não se prende a este tipo de dimensão temporal, porque é o desenvolvimento do percurso que a humanidade fez até ao presente momento. Uma temporalidade que está em constante mudança e desenvolvimento e que depende diretamente dos valores que a sociedade tem numa determinada época. Nunca poderemos, desta forma, abordar a história com anacronismos. É impossível olhar o passado julgando-o com os mesmos valores que a sociedade tem hoje. Um facto considerado nos nossos dias como um absurdo ou uma barbaridade, pode ter sido considerado natural por pessoas de outra época. As alterações são decorrentes da ação dos homens, sujeitos e agentes da história.
“A história não é a comemoração do passado, mas uma forma de interpretar o presente. Ao descobrir a relação entre o ontem e o hoje, creio poder decifrar a ordem possível do mundo, imaginária porventura, mas indispensável à minha própria sobrevivência, para não me diluir a mim mesmo no caos de um mundo fenomenal, sem referências nem sentido”. (José Mattoso, p.16).
A função da história, desde o seu início, foi fornecer à sociedade uma explicação sobre ela mesma. Para o fazer a história coloca-se cada vez mais próxima de outras ciências que estudam o homem, como a sociologia, a antropologia, a economia a geografia, a psicologia, a demografia, entre outras. Esta interdisciplinaridade permite à história explicar a dimensão que o homem teve, tem e terá em sociedade. A história procura especificamente ver as transformações pelas quais passaram e continuam a passar as sociedades humanas. Desta forma, a transformação surge como a essência da história, pois nada permanece igual, e é através do tempo que se percebem estas mudanças.
Se não soubéssemos o que sabemos hoje sobre os nossos antepassados, se todas as fonte de conhecimento do passado fossem destruídas, se não nos fosse possível saber de onde surgimos, qual o percurso da humanidade, que fatores deram origem a certos acontecimentos que ainda nos afetam, perguntaríamos "Porque não estudar história?", e não nos surgiriam dúvidas acerca da sua importância e nem colocaríamos em causa a importância de a estudar.
Luciano, autor do único manual de historiografia da Antiguidade, citando Tucídides, dizia acerca da utilidade da história: " a utilidade da história é o fim da história, de modo que, se alguma vez, de novo, acontecerem coisas semelhantes, poder-se-á, consultando-se o que foi escrito antes, agir bem em relação às circunstâncias que se encontram diante de nós."
Bibliografia Consultada:
MATTOSO, José, “A Escrita da História”, in Obras Completas, Vol. 10, Círculo de Leitores,
Lisboa: 2002, pp. 11-22.
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